Fotografia de Walter Tapia
“ Falar da Livraria Solmar é falar de
algo para mim profundamente familiar. Não tanto pelo número de vezes que a
frequento, antes por um processo talvez pouco usual, mas particularmente privilegiado.
Isto é: mais do que deslocar-me à livraria, é ela quem se desloca até a mim.
Todos os dias, sem pedir licença, entra-me pela porta dentro. Senta-se à mesa
connosco e connosco faz sala. Diz-me dos livros que chegaram, quem por lá
passou, o que se disse, o que se imaginou, se inventou e se concretizou em mais
uma iniciativa a partilhar por todos os que a visitam. Depois são os livros que
se compraram, sempre envolvidos em inescapável sedução. Prazenteiros, procuram
lugar nas nossas estantes. Tira-se um daqui, aconchega-se outro ali e cá está
espaço para mais um.
Tudo isto num gesto infinitamente
renovado, que nunca cansativo, pois a vida faz-se destes pequenos gestos,
expressão do afecto e do culto da palavra.”
Adelaide
Freitas, 26 de abril 1998 (in) Açoriano Oriental
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