segunda-feira, 11 de novembro de 2013

A Leitura


Meus olhos resgatam o que está preso na página:
o branco do branco e o preto do preto.
 
                                                                                 (Bem Ammar)
 
 
( in) O Bebedor Nocturno, Herberto Hélder, Assírio & Alvim.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

José Medeiros Ferreira " Não Há Mapa Cor-De-Rosa



A questão europeia não está isenta de controvérsias e o longo processo que culminou naquilo que é hoje a União Europeia também não. E se, como diz o autor, «por circunstâncias políticas, das quais os historiadores nem sempre se conseguem livrar e que muitas vezes condicionam o seu campo de investigação, se filia a génese do processo da organização internacional da Europa nos escombros da II Guerra Mundial», a verdade é que o conceito embrionário do projecto remonta algumas décadas.
O processo de reorganização europeia no pós-guerra visou antes de mais recuperar o continente da hecatombe que sobre ele se abatera e por isso optou por ignorar alguns antecedentes – e agentes – politicamente incómodos do projecto de construção europeia. É essa história que agora se reconstitui, articulando-a com a integração europeia de Portugal: o processo de adesão, os anos que antecederam o alargamento a Leste – que viria a alterar drasticamente o equilíbrio da União – e, finalmente, as consequências nefastas da crise financeira e da zona euro, que têm vindo a cavar um fosso Norte-Sul.

No Há Mapa Cor-De-Rosa, José Medeiros Ferreira, ed.70, 2013.

sábado, 12 de outubro de 2013

Uma Família Açoriana



Trata-se de uma série de época que ao longo de 8 episódios nos irá retratar o percurso de uma família abastada de São Miguel na segunda metade do Sec. XIX.

Na beleza avassaladora das "ilhas Encantadas", nos Açores do Sec. XIX, nasce no seio de uma família modesta Vasco Falcão, que cedo se torna num próspero homem de negócios, sempre disposto a lutar contra os preconceitos e conservadorismos em busca de uma sociedade perfeita baseada na harmonia do Homem com a Natureza.

Um visionário genial, um lutador inflexível. Teve vitórias e derrotas, foi amado e odiado, foi pecador e santo, foi…humano. Por isso um dia percebeu que tinha conseguido tudo na vida….Tudo menos uma família!

Baseia-se no livro de Maria Filomena Mónica "Os Cantos" e num pré-guião de Maria Filomena Mónica e António Barreto, sendo o guião final da autoria de João Nunes.

Com Nicolau Breyner, Maria João Luís, Duarte Guimarães, Catarina Wallestein, Nuno Gil, Maria Leite e Manuel Wiborg.

Estreia dia 13 Outubro na RTP.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

13 Setembro - 90º Aniversário Nascimento de Natália Correia.




«Espáduas brancas palpitantes:
 
asas no exílio dum corpo.
Os braços calhas cintilantes
para o comboio da alma.
E os olhos emigrantes
no navio da pálpebra
encalhado em renúncia ou cobardia.
Por vezes fêmea. Por vezes monja.
Conforme a noite. Conforme o dia.
Molusco. Esponja
embebida num filtro de magia.
Aranha de ouro
presa na teia dos seus ardis.
E aos pés um coração de louça
quebrado em jogos infantis.»
Natália Correia, Auto-retrato, in Antologia Poética, (organização, selecção e prefácio de Fernando Pinto do Amaral) DQ 2013
 

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

A Arquitectura da Felicidade



Alain de Botton já escreveu sobre o amor, a viagem, o status e como a filosofia nos pode consolar. Agora chama a nossa atenção para um dos nossos mais intensos e esquecidos amores: o das nossas casas e respectivas decorações. De Botton pergunta:
- O que faz verdadeiramente uma casa ser bonita? - Porque existem tantas casas feias? - Porque discutimos tão amargamente sobre sofás e quadros – e podem as diferenças de gosto alguma vez ser satisfatoriamente resolvidas? - Poderá o minimalismo fazer-nos mais felizes que os enfeites?

"A Arquitectura da Felicidade", Alain de Botton, D. Quixote, 2013.

domingo, 30 de junho de 2013

Quando os Bobos Uivam




A Livraria SolMar e o Hotel do Colégio, convidam para a apresentação do novo livro de Onésimo Teotónio Almeida "Quando os Bobos Uivam" ,no próximo dia 25 de Julho, pelas 19 horas. A apresentação da obra estará a cargo de Vamberto Freitas.
Fogo, espionagem e outros mistérios q.b. são alguns dos ingredientes do novo livro do grande contador de estórias que é Onésimo T. Almeida. E também há presidentes e ex-presidentes da República, poetas, escritores e pensadores, tudo entretecido em conversas com textos clássicos e reflexões oportunas. “Quando os Bobos Uivam “compõe-se de quatro estórias mirabolantes de realismo magicamente real a demonstrar que a arte, muitas vezes, não vai além da imagem pálida que a vida é capaz de inventar.
"Quando os Bobos Uivam" de Onésimo Teotónio de Almeida, Ed, Clube do Autor, 2013.


 

quinta-feira, 13 de junho de 2013

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Estranho Dever


"Desta vez fui ao lançamento de um livro, o de Mário Mesquita, “O estranho dever do cepticismo”. Porque sou sua amiga? Não, porque tenho admiração e respeito pela sua escrita e coerência de vida.
Muitos destes textos, li-os na altura e apercebi-me do trabalho que lhe davam. Cada linha tinha reflexão, cada assunto, profundidade. Aprende-se sempre qualquer coisa, sobretudo para alguém como eu, mais virada para a espuma da conjuntura. Muito do seu estranho dever de cepticismo era, afinal, como agora se vê, a lucidez de quem se distanciava para melhor compreender.
Avesso a mediatismos, não ficou pela reflexão, mas teve acção, como quando foi director do “Diário de Noticias” e, depois, do “Diário de Lisboa”, ou quando foi um dos fundadores do Partido Socialista, antes do 25 de Abril.
 A sua opinião certeira, o seu humor irónico e tolerante têm- -me sido muito benéficos. Quando ouvia as intervenções sobre o seu livro, e por causa do “Diário de Lisboa”, lembrei-me de que tive directores como Piteira Santos ou Cardoso Pires, colegas como Sttau Monteiro ou Assis Pacheco. Ele e estes puseram-me a fasquia tão alta que, até agora, só tenho tentado criar balanço.
Quem não leu os textos então, aprenderá alguma coisa que não vem no Google. Numa altura em que somos inundados de “livrinhos” e intelectuais fast- -food, vamos aguardar mais textos de Mário Mesquita.
 Nem ele sonha que estou a escrever sobre o seu livro. Tentei… porque senti esse estranho dever."
Fernanda Mestrinho,  Jornalista/advogada
publicado em 16 Mar 2013 – jornal “I”

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Ler o "Estranho Dever do Cepticismo".





           "Vê-se através destas páginas de argumento largo, lento, irónico, e até de onde em onde mordaz,  que  Mário Mesquita foi capaz de radiografar a civilização em que vivemos, e o momento político que nos condiciona. Lendo ou relendo estas páginas, percebe-se que Mário Mesquita viu o fantasma vir a caminho, vislumbrou-lhe as roupas e pressentiu-lhe as passadas. Mas não sabia, não podia saber,  que à nossa debilidade hereditária  iria  juntar-se a mudança profunda que está  a alterar a relação entre os  países, e o modo como os outros nos encaram.  

Publicados agora,  estes comentários são um  livro branco sobre o nosso estado de alma. Lido como deve ser, ele  não só ajuda a redigir  a  nossa  memória  coletiva próxima  como  constitui  um desafio  para a criação de um novo documento cívico  de que estamos carenciados. Ou por outras palavras, O Estranho Dever do Ceticismo não contém uma visão metafísica nem teleológica da história. Não precisa.  O seu território de crença é bem outro.  A nós, leitores, basta-nos compreender que um estranho desejo  de que se erga  uma nova  fraternidade atravessa as suas páginas e esse é um estímulo poderoso para intelectualmente não nos sentirmos sós."


Lídia Jorge, prefácio do livro " Estranho Dever do Cepticismo", de Mário Mesquita


 


           

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Recordação Saudosa


Na abertura da Livraria SolMar, José Garcia, Mário Machado, Daniel de Sá, António Lobo Antunes, José Carlos Frias, Ferreira Pinto, Albano Pimentel, 1991.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A Descoberta do Mundo


" Meu pai acreditava que não se devia tomar logo banho de água doce: o mar devia ficar na nossa pele por algumas horas. Era contra a minha vontade que eu tomava um chuveiro que me deixava límpida e sem o mar.
A quem devo pedir que na minha vida se repita a felicidade? Como sentir com a frescura da inocência o sol vermelho se levantar?
Nunca mais?
Nunca mais.
Nunca."

Clarice Lispector, A Descoberta do Mundo, Ed. Relógio D'Água, 2013.

«(Nos seus textos jornalísticos) Clarice não abandonou completamente muitos dos seus velhos temas metafísicos, mas também escrevia crónicas sobre a sua vida como mãe e dona de casa, em termos abertamente pessoais." Acho que se escrever sobre o problema da superprodução do café do Brasil terminarei sendo pessoal", disse ela numa das colunas. Escrevia acerca dos filhos, dos amigos, das empregadas, da sua infância, das viagens, de tal forma que A Descoberta do Mundo, uma colectânea com os artigos que escreveu nas suas colunas, publicada postumamente, pode considerar-se quase uma autobiografia.»

Benjamim Moser, em Clarice Lispector, Uma Vida.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Outros Nomes, Outras Guerras

                                                                     Os Emigrantes, Domingos Rebelo



 
Domingos Rebelo emigrando-se

 
Ao Eduardo Bettencourt Pinto
Ao Emanuel Jorge Botelho

 

Estaria ausente o pintor quando
no cais antigo as mulheres
desembarcavam os maridos os baús
e as crianças? Talvez não o saibamos
unca, mas alguém nos dirá o que olham
estes olhos distantes
e perdidos mesmo antes de partidos? Janelas
de Ponta Delgada, que horizontes vos não fixam
e se vos negam?
De certo ou seguro quase apenas a demora
do gesto em suspensão, a quietude
prolongando a inadiável partida pré-
-sentida já nos objectos que, fragmentando-se, da tela
se ausentam, se desagregam: destroços, pois,
ou resíduos com que almas e corpos
se alinhavam e costuram, matéria demais para a exígua
saca de retalhos anterior a circunstanciais
modismos de patchwork – oh como estes nomes desnomeiam
a pensada emoção das coisas!
Mas se não estava ausente o pintor
já por certo se lhe repartia o corpo
entre a ilha e a viagem – metáfora por ele inscrita
nos inversos corações sobre a viola que não tocará
esta mulher sentada e fixando-nos para lá do lenço
e do silêncio: só ela dirá da solidão
a que o pintor se rendia
quando, ao fim dos trabalhos, do porto se apartava
e da tela.

 
Urbano Bettencourt, Outros Nomes, Outras Guerras.
Lançamento dia 16 Maio, 20.30horas, na Livraria SolMar.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Outros Nomes Outras Guerras



O presente volume contém uma selecção de poemas que vêm desde o seu primeiro livro, Raiz de Mágoa (1972) até ao recente África Frente e Verso, e inclui ainda uma breve sequência de inéditos.
A poesia de Urbano Bettencourt requer o nosso reencontro de tempos a tempos, uma sucessão de olhares e pensamentos. Não se trata tanto aqui de uma poesia de conceitos ou ideias, mas sim uma ideia ou conceito de poesia onde tudo cabe ou tudo poderá ser sugerido e insinuado, onde o melhor da nossa tradição literária converge para que possamos redefinir constantemente quem somos e de onde vimos.

Vamberto Freitas ( Prefácio)

outros nomes outras guerras, de Urbano Bettencourt, ed. Companhia das Ilhas, 2013.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Eduardo Paz Ferreira




"Se não houver uma inversão do sentido da marcha, os anos que se seguirão continuarão a ser de chumbo. E de um chumbo cada vez mais pesado. Mas quero acreditar que está nas nossas mãos conseguir alternativas à continuação destes anos. Os próximos tempos são necessariamente de alteração na situação política e das condições económicas. O preço que se vai pagar é muito alto. Não serão dias fáceis, mas, se conseguirmos dar alguma esperança às pessoas, mostrando que esta situação se está a dissipar, já é positivo."

Eduardo Paz Ferreira, (In) Jornal i, 25 de Abril, 2013.

terça-feira, 16 de abril de 2013

Crónicas de Anos de Chumbo 2008 - 2013




"Este livro é uma forma de presença, de presença crítica, impaciente. Navegar é preciso. Mas viver também é preciso. Nada do que se passa em Portugal, e na Europa e no mundo, é indiferente ao olhar do Prof. Paz Ferreira, ao seu olhar intelectual, profundo e intenso, de uma densidade que tem a marca do compromisso, da responsabilidade, que tem a marca de uma acção cada vez mais urgente."

Sampaio da Nóvoa ( Reitor da UL)

Crónicas de Anos de Chumbo 2008 - 2013, de Eduardo Paz Ferreira, Edições 70.

Lançamento - 25 Abril, 21h
Livraria SolMar - Sala 2 CineSolmar.

Convite


sexta-feira, 12 de abril de 2013

O Imaginário



“Mas o bom romance fica, e para sempre.
 Não esperem, pois, que seja uma universidade ou um grupo de críticos a virem confirmar que na literatura de autores açorianos estão outros mundos, estética e tematicamente belos, para nós já apreendidos numa primeira leitura atenta.
Confiem, sim, nas vossas intuições, e sabedoria pessoal e na vossa experiência de vida e capacidade intelectual. Quanto a mim, a literatura açoriana define e restitui-nos a voz que a história e a política, durante séculos, nos tentou negar.”

Vamberto Freitas, O Imaginário dos Escritores Açorianos, 2ª edição, Letras Lavadas Edições.

LANÇAMENTO - DIA 20 DE ABRIL - 18H - LIVRARIA SOLMAR - 2013.

sábado, 6 de abril de 2013

FESTA DO LIVRO 2013 - Livraria SolMar



FESTA DO LIVRO 2013 - Livraria SolMar.

Os meses de Abril e Maio vão ser, de facto, uma inigualável Festa do Livro na Livraria SolMar, aqui em Ponta Delgada, dando assim continuidade a uma obra que já conta com 22 anos de actividade em prol do livro e das artes em geral no nosso arquipélago. Entre lançamentos e Feira do Livro, a Livraria SolMar vai juntar estes dois meses algumas das figuras nac...ionais e regionais conhecidas no campo da literatura, jornalismo, política e até finanças, e em cujas sessões a assistência tanto ouvirá discursos sobre estes temas, como poderá ainda participar em diálogos com todos os convidados em cada sessão. Ficam aqui só alguns nomes: Eduardo Paz Ferreira, Mário Mesquita, Vamberto Freitas, João de Melo, Urbano Bettencourt, Paulo Meneses, Carlos Cordeiro, Bastos e Silva, Duarte Melo, Carlos César e Álamo Oliveira.
 

quinta-feira, 21 de março de 2013

22 Anos da SolMar




Hoje comemoramos 22 Anos de existência.
A história da livraria SolMar Artes e Letras, foi feita de determinação, teimosia, dedicação, gratidão, e AMOR AOS LIVROS. Agradecemos a todos os escritores, editores, e amigos desta livraria, que até hoje contribuíram para que este espaço existisse. Aos livros, à literatura, e a todos os que não sabem viver ser ler, o nosso sincero obrigado.

 José Carlos Frias.

quinta-feira, 14 de março de 2013

O Estranho Dever Do Cepticismo




«O céptico, ao contrário do que é voz corrente, não é o que não crê em nada, é antes aquele que pergunta e encontra através da interrogação (...). O céptico dos cafés desfaz de tudo, incluindo da possibilidade de conhecimento, enquanto o céptico filosófico constrói um mundo e o seu processo de demonstração por tentativas costuma ser ao mesmo tempo exigente, subtil e delicado. Ora um dos principais objectivos deste livro consiste em tentar mostrar a complexidade de que se reveste a realidade e a forma como, para além da primeira aparência, novas evidências surgem em torno dos acontecimentos públicos, dos factos históricos e dos seus intérpretes (…).
Outra razão para a sensação de proximidade com os textos provém sem dúvida da própria contemporaneidade dos factos a que alude (…). Mário Mesquita examina-os com uma paixão escondida, uma tenacidade própria dos lutadores intelectuais que cedo se impuseram a si mesmos raramente dizer eu, a não ser em termos de testemunha ou sujeito de pensamento. (…) Podemos ir de novo ao encontro das imagens da queda do Muro de Berlim, reviver o optimismo dos anos 90 a empurrar as velas enfunadas da Europa de então, reconstituir o arco de triunfo erguido ao modelo da economia de mercado, observar como os Cinco Continentes se transformaram numa pangeia do capitalismo sustentado pela globalização, podemos recordar como o sistema bancário nos proporcionou viver no futuro, ou ainda examinar como no meio de uma espécie de esperança total na virtude do ideal democrático, se popularizou a ideia do fim da história.»
Lídia Jorge, do Prefácio

O Estranho Dever Do Cepticismo, Mário Mesquita, Tinta da China, 2013.


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O Socialismo de Antero de Quental

                                                       Fotografia de André Kertész


“Em face das misérias de um século, e das lutas travadas na consciência do homem, o novo ideal artístico, «a sua lei suprema», não podia ser senão «consolar, moralizar, apontar o belo espiritual, a esperança e a crença». A arte e a literatura adquiriam, pois, pela Revolução um fim eminentemente social e civilizador. Não que elas suprimissem «as dores» e as angústias da sociedade. Isso caberia à «ciência e à democracia»; mas «adormentariam o sentimento acerbo das suas inenarráveis misérias».
Deviam tentar-se, porém, a regeneração dos costumes pela arte. A literatura, «porque se dirige ao coração, à inteligência, à imaginação, e até aos sentidos, toma o homem por todos os lados; toca isso em todos os interesses, todas as ideias, todos os sentimentos; influi no indivíduo como na sociedade, na família como na praça pública; dispõe os espíritos; determina certas correntes de opiniões, combate ou abre caminho a certas tendências; e não é muito dizer que é ela quem prepara o berço onde se há-de receber esse misterioso filho do tempo – o futuro».”

Antero de Quental, Prosas.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O Comércio e a Cultura

 

" A actividade social chamada comércio, por mal vista que esteja hoje pelos teoristas das sociedades impossíveis, é contudo um dos dois característicos distintivos das sociedades chamadas civilizadas. O outro característico distintivo é o que se denomina cultura. Entre o comércio e a cultura houve sempre uma relação íntima, ainda não bem explicada, mas observada por muitos. É, com efeito, notável que as sociedades que mais proeminentemente se destacaram na criação de valores culturais são as que mais proeminentemente se destacaram no exercício assíduo do comércio."

Fernando Pessoa, "A Essência do Comércio".

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Leiam com Paixão.




Como ler sobre a paixão sem cair na lamechice, e afogar-se na enxurrada de adjectivos e substantivos em erosão. A literatura é como uma veia ou artéria, uma das ruas de sangue que alimentam o coração dos homens. Com Romeu e Julieta, os dois amantes condenados ao equívoco amoroso, Shakespeare, assentou definitivamente o tema, instituindo um modelo universal. O nosso Camilo, homem de paixões reais, escreveu com mão de mestre, Amor de Perdição, a paixão assolapada de Simão e Teresa e a tragédia das famílias rivais Botelho e Albuquerque. Eça com os seus Maias (Os), definiu a excelência da paixão funesta da literatura nacional. Tristão e Isolda, o amor adúltero do cavalheiro pela princesa, a velha lenda celta deste casal infeliz foram apropriadas por Wagner, a música inspirada na literatura, inesquecível. A Canção de Amor de Alfred J. Prufrock de T.S.Eliot, um dos poemas de pelos quais vale a pena chorar, no entanto a poesia é parcelar e não conta histórias, as pessoas tanto como amam as paixões, amam sobretudo as histórias de paixões. O amante rejeitado, romantismo puro é Jay Gatsby, em o O Grande Gatsby, a vida como uma série ininterrupta de gestos bem-sucedidos, amores, renúncias, enganos, Swann que ama Odette que o não percebe, prosa perfeita de Marcel Proust com Um Amor de Swann, paixão inexplicável a de Archer que ama a condessa Ellen Olenski que o não recebe, A Idade da Inocência, de Edith Wharton, desencontro constante. Madame Bovary de Flaubert e Ana Karenina de Tolstoi, dois monumentos à tontice das mulheres apaixonadas pelo homem errado, o canalha. Tão violento que nenhum homem o conseguiria escrever assim, O Monte dos Vendavais, de Emily Brontê, talvez o relato mais destruidor, se não leram pelo menos um livro de paixões, leiam este, e da sua irmã Charlotte, Jane Eyre faz com que a familia tenha produzido duas obras-primas. Nabokov conseguiu escrever Lolita, leiam por amor de quem quiseram, e ao de leve Milan Kundera com A Insustentável Leveza do Ser, com final feliz e personagens que chegam a velhas, leiam O Amor nos Tempos de Cólera. E se ainda tiveram folego leiam A Mancha Humana de Phlip Roth e de Ian Mcewan a Expiação.
Se me perguntarem o que fica de fora, fica muita e boa literatura.
 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

LerAçores Emanuel Jorge Botelho

 
Não sei viver sem Livros
não sei viver sem o Mar
 
 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Os Miseráveis


«Enquanto existir, por força da lei e do costume, uma condenação social que, face à civilização, cria artificialmente infernos na terra e complica um destino que é divino com a fatalidade humana; enquanto os três problemas da época – a degradação do homem pela pobreza, a ruína da mulher pela fome e a diminuição da infância pela noite física e espiritual – não forem resolvidos; enquanto, em certas regiões, for possível a asfixia social; por outras palavras, e de um ponto de vista mais vasto, enquanto a ignorância e a miséria permanecerem na terra, livros como este não podem ser inúteis

Prefácio de Victor Hugo, Os Miseráveis.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Os Melhores de 2012




O Varandim Seguido de Ocaso em Carvangel, Mário de Carvalho, Porto Editora.
 A Piada Infinita, David Foster Wallace, Quetzal.
Os Sítios Sem Resposta, Joel Neto, Porto Editora.

30Crónicas II, Emanuel Jorge Botelho, ilustrações de Urbano, Publiçor.
Todas as Palavras, Manuel António Pina, Assírio & Alvim.

África Frente e Verso, Urbano Bettencourt, Letras Lavadas.
Quarteto de Alexandria, Lawrence Durrell, Reed. D.Quixote.

BorderCrossing Leituras Transtlânticas, Vamberto Freitas, Letras Lavadas.
Utopias em Dói Menor, Onésimo Teotónio de Almeida, João Maurício Brás, Gradiva.

Trabalhos e Paixões de Fernando Assis Pacheco, Nuno Costa Santos, Tinta da China.
PátriaUtópica, António Barreto, Ana Benavente, Eurico Figueiredo, José Medeiros

Ferreira, Valentim, Ed. Bizâncio.

O Arranha – Céus Horizontal, Luis Rego, ilustrações Elisabete Ross, Ed. Autor.

Esta é uma escolha da inteira responsabilidade dos livreiros da SolMar Artes e Letras, fundamentada pela qualidade das obras e pela importância dos seus autores para com a nossa livraria.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013