segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Se Fosse Fácil Era Para Os Outros




"Vi com estes olhos, em Sarajevo e em Nova Iorque, a rapidíssima velocidade a que qualquer sociedade pode cair de um momento para outro. Neste romance interessava-me discutir ideias do que é o pior povo do mundo? Se o pior povo somos nós? E qual é esse caminho? Se, como dizia Primo Levi, “deixamos de ser homens quando esperamos que o homem que está ao nosso lado morra para lhe comermos o pão”. Acho que é uma das perguntas mais fundamentais que é preciso fazer, para perceber a rápida desagregação a que qualquer sociedade está sujeita. Basta haver uns crápulas que se aproveitem da ignorância das pessoas para lucrar financeiramente, religiosamente ou politicamente... E tudo cai e de repente estamos outra vez na barbárie."

Rui Cardoso Martins, (In)  Jornal i
 
Hoje as moscas estão moles, parecem parvas, há ali uma senhora a queixar-se. Vou só pôr água nas flores.
Tocam no braço nu, as asas como bigodes de gato, e aterram no cabelo, nas pálpebras, na penugem atrás do pescoço, mas em que pensam vocês moscas, dá-me carinhos, faço-te cócegas, vamos pôr as novidades em dia?


Se Fosse Fácil Era para Os Outros, Rui Cardoso Martins, Dom. Quixote, 2012.
 

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