sexta-feira, 30 de novembro de 2012

A Piada Infinita




Sátira aos costumes da sociedade de consumo, devaneio pós-moderno contra os excessos do pós-modernismo, lírico e erudito, lúdico e realista, A Piada Infinita, nas suas contradições e fôlego imenso, é um livro que escapa a qualquer definição e, mais do que uma obra sobre o nosso futuro colectivo, parece uma obra vinda de um universo diferente do nosso, justificando o que a romancista Zadie Smith escreveu sobre Wallace:
“ Um visionário, um artesão, um cómico e tão sério quanto se pode ser sem escrever um texto religioso. É tão moderno que parece habitar um contínuo tempo-espaço diferente do nosso. Maldito seja."

A Piada Infinita, David Foster Wallace, Ed. Quetzal, 2012.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

ExtraTexto

William Faulkner by Henri Cartier-Bresson, 1946.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

As Mãos e os Frutos

 
 
 
 
Quando em silêncio passas entre as folhas,
uma ave renasce da sua morte
e agita as asas de repente;
tremem maduras todas as espigas
como se o próprio dia as inclinasse,
e gravemente, comedidas,
param as fontes a beber-te a face.

Eugénio de Andrade
Primeiros Poemas, As Mãos e os Frutos, Os Amantes Sem Dinheiro
Assírio & Alvim, 2012.



terça-feira, 20 de novembro de 2012

" Como o tempo passa" - Emanuel Jorge Botelho






A Casa Armando Côrtes-Rodrigues|Morada da Escrita e o Instituto Cultural de Ponta Delgada convidam para a inauguração da exposição bio-bibliográfica "Como o tempo passa", em homenagem ao escritor Emanuel Jorge Botelho, que se realiza na sua sede no próximo dia 23 de Novembro, às 21h00.

 


sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Feira do Livro da SolMar



A Livraria SolMar realiza a partir de 16 de Novembro, na praça central do Sol Mar Avenida Center, a já tradicional Feira do Livro de Natal. Este ano, a livraria aposta numa grande diversidade de títulos em várias áreas a preços muito convidativos. As grandes novidades literárias deste ano são destaque, sendo a secção Infanto-juvenil a grande atração deste evento.
Num ano em que os livros podem estar no top das intenções e preferências de compra dos açorianos para as tradicionais prendas de Natal, esta é uma boa oportunidade de presentear a família e os amigos com saber e cultura a preços mais acessíveis. Fortalecer o interesse do livro e incentivar a leitura são os objectivos da nossa livraria, procurando sempre ir ao encontro e desejos dos leitores.
Assim podem contar com um cuidado na escolha e qualidade da oferta, pois trata-se de uma feira realizada por livreiros.

 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Convite


Lançamento do livro "De Mafra ao Maiombe" de Carlos Arruda, com ilustração de Carlos Carreiro, no próximo dia 14 de Novembro, quarta-feira, pelas 18h30, na livraria SolMar.
A obra será apresentada por Fernanda Mendes.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Contrabando Original



«A presença dos soldados do Continente nas ilhas dos Açores, tornou-se, durante longo tempo, um tema inspirador da criatividade popular. Quando mais tarde, à força de ouvir discussões e piadas politicas, cheguei a entender que a «situação» (descrita nas últimas páginas do livrinho de História como a restauração da ordem e da prosperidade) não agradava a todos, nem por isso me veio à cabeça a possibilidade de alguém pôr em causa as virtudes do nosso povo. Essas virtudes conservavam-se, independentemente do regime. O povo do tempo dos reis, o povo de tempo da tempestuosa república, o povo de Fátima e Salazar – o povo conservava, no âmago, a honradez e o poder criador.
Eu naturalmente por ignorância, ainda não tinha reparado na criatividade popular. Tratava-se, afinal, das festas sacras ou profanas, ou da mistura de ambas, ou de fábulas recitadas de geração em geração, com maior ou menor fidelidade a um modelo esfumado no antigamente. (Mais tarde, todas essas manifestações – cópia, decalques, adaptações, distorções – viriam a merecer o nome de cultura, cultura popular enquanto houve elites, cultura  tout court quando em teoria se acabaram as elites...) Éramos portanto pessoas cultas e criadoras, desde o José do Copo, lidimo representante do In Vino veritas, até aos bailadores da chamarrita; desde a loja do alfaiate até aos rimadores de cantigas ao desafio. O povo criava. Além de lêndeas e piolhos, as cabeças criavam cultura.»

Contrabando Original, José Martins Garcia, Editora Vega.

 

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Se Fosse Fácil Era Para Os Outros




"Vi com estes olhos, em Sarajevo e em Nova Iorque, a rapidíssima velocidade a que qualquer sociedade pode cair de um momento para outro. Neste romance interessava-me discutir ideias do que é o pior povo do mundo? Se o pior povo somos nós? E qual é esse caminho? Se, como dizia Primo Levi, “deixamos de ser homens quando esperamos que o homem que está ao nosso lado morra para lhe comermos o pão”. Acho que é uma das perguntas mais fundamentais que é preciso fazer, para perceber a rápida desagregação a que qualquer sociedade está sujeita. Basta haver uns crápulas que se aproveitem da ignorância das pessoas para lucrar financeiramente, religiosamente ou politicamente... E tudo cai e de repente estamos outra vez na barbárie."

Rui Cardoso Martins, (In)  Jornal i
 
Hoje as moscas estão moles, parecem parvas, há ali uma senhora a queixar-se. Vou só pôr água nas flores.
Tocam no braço nu, as asas como bigodes de gato, e aterram no cabelo, nas pálpebras, na penugem atrás do pescoço, mas em que pensam vocês moscas, dá-me carinhos, faço-te cócegas, vamos pôr as novidades em dia?


Se Fosse Fácil Era para Os Outros, Rui Cardoso Martins, Dom. Quixote, 2012.