quinta-feira, 8 de abril de 2010

Livros & Cigarros



“O jornalista não é livre, e tem consciência dessa ausência de liberdade, quando é obrigado a escrever mentiras ou a suprimir o que lhe parecem ser notícias importantes; o escritor imaginativo não é livre quando o forçam a falsificar os seus sentimentos subjectivos, que, do seu ponto de vista, são factos. Consegue distorcer e caricaturar a realidade para tornar mais clara a sua mensagem, mas não é capaz de deturpar o seu próprio panorama mental – não é capaz de afirmar com convicção que gosta de uma coisa de que não gosta, ou que acredita em algo em que não acredita realmente.
Se o obrigarem a fazer isto, o único resultado é o definhar das suas faculdades criativas.”

George Orwell, Livros & Cigarros, Ed. Antígona

Qual a relação entre livros e cigarros? Como trabalham os críticos literários? Nestes textos, ora curiosos ora graves, mas sempre cativantes, são-nos narradas, por exemplo, as experiências de Orwell como alfarrabista (Memórias de um Livreiro), vemos explicadas algumas das suas posições políticas (Um, Dois, Esquerda ou Direita – O Meu País) e testemunhamos episódios marcantes da infância do autor no colégio St. Cyprian’s (Ah, Ledos, Ledos Dias). Neste último texto, percebemos, enfim, a génese do seu espírito indómito, a sua determinação em resistir à tirania e em manter a dignidade, numa palavra, a certeza de que os fracos têm direito a revelar-se contra a ordem.

1 comentário:

Maria Brandão disse...

o cigarro ajuda a pensar...dizem :)