sexta-feira, 2 de abril de 2010

Influência


Um fresco de Pompeia que representa um casal romano, Paquio Proculo e a sua mulher. O homem tem na mão um rolo de pergaminho ou papiro, a mulher parece ter umas tabuinhas na mão esquerda e um estilete, com o qual escrevia. Certamente um casal que lia e escrevia, partilhado o amor pelo livros.
Será possível imaginar que dois seres estejam de tal modo próximos que os seus livros e leituras coincidem? Sim podem, a partilha do mesmo livro, o perfume entranhado entre páginas, o folhear sentido, a passagem sublimada naquele acto solitário que é a leitura, apenas quebrado quando não se resiste e se lê em voz alta, aquele excerto que não consegue esperar. Não correr o risco de não poder seduzir a pessoa amada, por não se ter lido os livros de que ela gosta. Ter, se não as mesmas leituras, pelo menos, leituras em comum com o outro, constitui uma das condições para uma perfeita harmonia. Afirmar que as nossas relações sentimentais são profundamente marcadas pelos livros, pode ser uma banalidade, mas a influência que as personagens dos romances exercem sobre as nossas escolhas amorosas, é real.
O livro é certamente uma arma de sedução, talvez um amor partilhado, efectivamente pode dar-nos acesso aos sentimentos mais íntimos e secretos.

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