terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Rir em Português


Nuno Costa Santos


"Aos leitores só pedimos que se divirtam a ler, se isso acontecer o objectivo estará cumprido."
Uma obra encomendada, há três anos, pela Texto Editora a Nuno Artur Silva, o director das Produções Fictícias, partilha com Inês Fonseca a autoria desta Antologia do Humor Português, que reúne textos humorísticos editados em livro a partir de 1969.
No lançamento na Casa Fernando Pessoa, Mota Amaral foi recordado a propósito desta data como “esse humorista profissional”. Em seguida Maria Rueff leu Natália Correia o soneto Ao Deputado Morgado, nem de propósito. Muitos elogios também ao nosso Nuno Costa Santos, considerado pelos apresentadores como o humorista mais português da nova geração, sendo lido vários aforismos Melancómicos.
Fazem parte da antologia nomes como: Mário - Henrique Leiria, Alexandre O’Neill, Cesariny, Luís Pacheco, Dinis Machado, Alberto Pimenta ou Mário de Carvalho. Diálogos de As Bodas de Deus de João César Monteiro, Coca Cola Killer bestseller do maestro António Victorino d’ Almeida, poemas de Adília Lopes, o Zezé e o Toni do livro da Treta, os Gatos Fedorentos e o Inimigo Público. Juntar todos estes nomes no mesmo livro, uma tal selecção só é possível na Antologia do Humor Português. Segundo Pedro Mexia esta obra tem uma respeitável concorrente, o livro de João Rendeiro ex-presidente do BPP com o título “invista com segurança”.
Investimento seguro será a leitura deste livro, com gargalhadas garantidas.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Arquipélago da Sonolência

António Lobo Antunes afirmou que os preços dos livros em Portugal "são indecentemente caros", após evocar e concordar com Tony carreira ( grande sábio ), que se diz um felizardo de ter o êxito que tem num país de apenas 10 milhões.
Depois deste elevado discurso, o incorrecto foi comparar Portugal com outros países da Europa, se olharmos para as nossas pequenas tiragens (que inveja do Tony) e precários hábitos de leitura, com consequências nefastas nos preços.
Falando de livros, leitores e preços, é urgente um sério estudo aos hábitos de leitura no Arquipélago dos Açores, instrumento fundamental para a política do livro na região.


sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

efemero

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

sábado, 20 de dezembro de 2008

sinos

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

O Discurso


A essência do discurso proferido ante a Academia Sueca, Jean-Marie Gustave Le Clézio, Nobel da literatura de 2008, prendeu-se com a preocupação do autor, em escrever para os que passam fome, e o seu desconforto em saber, que só os que têm muito para comer sabem da sua existência. A alienação dos escritores à falta de liberdade de expressão, num quadro global e a renúncia de mudarem o mundo, ficando-se por meras testemunhas do mesmo, a felicidade encontrada através da solidão como companhia, assim como a apologia do livro.
O Franco - Mauriciano dedicou especialmente o Nobel a Elvira, aventureira com fama de bêbada, indígena de uma tribo no Panamá, a onde ele viveu há cerca de trinta anos e presenciou “a mais autêntica expressão da arte”, personificada por esta mulher conhecida pelo talento para contar histórias. “era poesia em acção”. A literatura pode e deve existir mesmo sujeita a compromissos e convenções. Considerou que “ erradicar a fome e a iliteracia” são desafios correlacionados e os maiores da humanidade.
A terminar, Le Clézio evocou Heraclito: “ O reino pertence a uma criança”
C’est magnifique monsieur Le Clézio.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Segredos


Ao ouvirmos este nome, o nosso pensamento é de imediato ligado à maior Diva da ópera de todos os tempos. À sua monstruosa voz associamos emoções fortes, arrebatadoras de uma mulher que viveu cheia de glória, mas que sempre esteve envolta de mistério, solidão e tristeza, sendo por isso um fascínio para todos nós.
Cheio de curiosidades está este livro, agora editado pela Assírio & Alvim que ao longo das suas páginas, vamos descobrindo historias e paixões secretas de Callas, como por exemplo a arte da culinária . “ Cozinhar bem”, confidenciou certa vez Maria Callas, “é como criar. Quem gosta de cozinhar também gosta de inventar”.
Maria Anna Sophie Cecília Kalogeropoulos (verdadeiro nome de Callas), tinha um passatempo quase obsessivo: juntar receitas publicadas em revistas femininas e populares, transcritas pela sua própria mão. Agora o que não imaginam é que Callas nem sempre teve uma cintura de 59cm, a partir dos 30 anos foi obrigada a seguir uma dieta muitíssimo rígida, para que dos seus 108 quilos perdesse 40 num ano, sendo assim possível transformar-se numa Vestal de Spontini e pudesse vestir com charme as roupas que a sua couturiere lhe preparava, símbolos requintados de manequim.
Posso dizer que o livro valia por si só, pela recolha das lindíssimas fotografias de Maria Callas, cedidas pelo Teatro Nacional de São Carlos, mas como estamos em época natalícia deixo-vos com uma das receitas preferidas desta grande Diva.

O Meu Bolo
La torta mia
( receita anotada por Maria Callas)


2 chávenas de açúcar;
1 chávena de leite quente; 4 ovos;
2 chávenas de farinha; 2 colheres de café cheias
de fermento em pó ( ou levedura de cerveja);
1 pitada de sal

Bata as claras com metade do açúcar.
Noutro recipiente bata as gemas com o resto do açúcar até ganharem consistência. Acrescente o leite quente lentamente e, aos poucos, a farinha já peneirada juntamente com o fermento e o sal. Envolva bem todos os ingredientes.
Acrescente por fim as claras. A mistura deve ser colocada numa forma refractária com buraco no meio, e colocada no forno a uma temperatura moderada durante 50 a 60 minutos, até estar crescida e dourada. Tire imediatamente do forno e deixe dentro da forma num local protegido a correntes de ar.
Quando estiver fria, desenforme, passando a faca delicadamente entre a massa e a forma.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Menino Jesus


Presépios Na Ilha De São Miguel séculos XVIII/XIX, é um pequeno estudo sobre estas magníficas manifestações artísticas que decoram as nossas casas e igrejas na época natalícia.
A obra da autoria de José de Almeida Mello é uma excelente recolha dos mais belos presépios de S. Miguel do período Barroco.
Este livro profundamente ilustrado, com um excelente trabalho fotográfico de José António Rodrigues, será certamente um bom presente de natal.
Uma edição da Publiçor.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Party


Um século de vida de um cineasta, 77 anos de bom cinema. Já sei vão dizer:
génio em país pequeno, grande seca, obra incompreendida, muito lento, mestre do detalhe e salas vazias.
Manoel de Oliveira diz que publico são os urinóis, mas o que lhe interessa são os espectadores . João César Monteiro dizia “ o país tem (inexplicavelmente) um cineasta demasiado grande para o tamanho que tem. Portanto, das duas uma: ou alargam o território ou encurtam o cineasta.”
Toda a sua vida confunde-se com a história do cinema e por todas as boas razões marca um século.
Manoel de Oliveira conta com uma guarda de luxo no restritíssimo clube dos centenários ilustres em actividade. Acompanham-no a ele três grandes senhores:
Elliot Carter, compositor norte – americano nasceu no mesmo dia de Oliveira, grande nome e inovador da música do século XX, obteve dois pulitzer com as suas obras para orquestra. Claude Levi – Strauss, belga pai da antropologia estruturalista é um dos intelectuais do século, defendeu sempre não haver diferença entre as mentes selvagens e civilizadas. Visionário. Oscar Niemeyer é o mais velho dos génios criadores, faz já 101 anos. Arquitecto, projectou Brasilia e diz “ o que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida”, pensamento belo mas polémico como todos os seus projectos. Polémicos são estes senhores, mas têm obra viva, e só a morta não o é. Honra nossa sermos seus contemporâneos.
Festeje vendo “ Party” rodado em S. Miguel.,

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Não vou pensar mais nisso

Byblos nome da cidade fenícia Gebal, donde procedia o material no qual se escrevia na antiguidade. Tratava-se do Papiro (origem da palavra “Papel”) confeccionado a partir da planta de cana com o mesmo nome.
De Byblos foi baptizada a maior livraria do país durante um ano. “Um sonho transformou-se em pesadelo”, com estas palavras Américo Areal percebeu que a citação de Jorge Luís Borges, gravada nas paredes da sua mega livraria “Sempre imaginei que o paraíso é uma espécie de livraria”, nem sempre a imaginação é amiga da certeza.
Aqui fica para com todas as pessoas que lá trabalharam e que do seu esforço hoje nada fica, uma palavra de esperança, porque é preciso continuar a sonhar, pois o sonho comanda os guardadores de livros todos os dias, mesmo aqui.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Many Times


Juan Muñoz artista madrileno esteve intimamente ligado a Portugal, foi no Porto que seguiu os primeiros passos do Museu de Serralves, onde agora se encontra patente até ao final do mês de Janeiro uma retrospectiva da sua obra. Tinha como alguns dos seus maiores amigos portugueses Julião Sarmento, Pedro Cabrita Reis, e aqui sim uma curiosidade, Munõz adorava poesia, e o poeta que mais gostava de ler era Herberto Hélder, dando desta forma asas á sua imaginação para a criação das suas narrativas visuais.
Treze a Rir uns dos Outros são esculturas que podem ser vistas no Jardim da Cordoaria desta cidade, quatro grupos de homens esculpidos em bronze, dispostos em estruturas de aço ao longo do jardim, ao qual não podemos ficar indiferentes.
Mas é com Many Times, um impressionante conjunto de 100 figuras de homens chineses feitos em piléster e resina, que deixam o meu olhar desconcertado, e o meu cérebro em perfeita ebulição.
O que será que estão a dizer? De que se riêm? Que espaço é aquele?
Estas são perguntas que me ponho, quando fico a ver aqueles homenzinhos, sim homenzinhos, porque Muñoz oferece ao leitor através do seu trabalho criativo da escultura, com base sempre na figura humana, uma escala inferior à real, num jogo entre a ilusão e a realidade.
Juan Muñoz é considerado um dos mais importantes escultores das últimas décadas.
Morreu com apenas 48 anos em Agosto de 2001.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Desassossego



Livro do Desassossego de Bernardo Soares, semi-heterónimo de Fernando Pessoa, será levado ao cinema pelo cineasta João Botelho a filmar no próximo ano uma curta versão do livro. Explica o realizador estar apaixonado pela teoria: quando nós não conseguimos explicar o génio, atribuímo-lo à divindade. Do mesmo realizador já está disponível em DVD o filme de 1982, Conversa Acabada, sobre a amizade de Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro, a não perder.
Num desassossego está o cinema português, depois de insucessos de bilheteira e más críticas em filmes como a Arte de Roubar, Entre os Dedos e antes com Mal Nascida.
Para inverter a tendência de falta de publico, estreia hoje o block-buster português realizado por Carlos Coelho da Silva, produzido pela VC Multimédia, Amália.
A interpretação pela desconhecida Sara Barata Belo da nossa diva do fado, cuja a sua parecença física impressiona, dá à sua representação vitalidade e carisma.
A terminar o ano em que Manoel de Oliveira comemora um século, será uma estranha forma de vida o cinema português?

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Um Elefante em Belém


Salomão de seu nome, magnífico exemplar de elefante Asiático deslumbrará Belém no seu lançamemto e apresentação no CCB.
Acontecimento literário com critica rendida aos dotes do nosso Nobel, peso pesado da literatura mundial, anunciado com Spot de TV em Prime-Time.
Não fosse a Leya repetir o ensaio sobre a sala vazia, com que foi o nobelizado Lobo Antunes contemplado a semana passada no seu lançamento.
José Saramago depois de merecer a Casa dos Bicos em Lisboa, com a sua fundação, gerida pela Pilar que não deixou que ele morresse, sendo assim possível acabar este excelente livro A Viagem do Elefante, digno das estrelinhas todas do Expresso ao Publico.
Este presente para o Arquiduque de Viena é também uma dádiva para leitores e livreiros.
Uma estrela em Belém, é caso mesmo para dizer “Sempre chegamos ao sítio a onde nos esperam"

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Precisamente


"De cada vez que, a propósito de livros se começa a dramatizar, fico sempre com brotoeja.
O Amor pelos livros, o Ódio aos livros, a Fúria da leitura…Palavra! "


George Steiner, O Silêncio dos livros